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17/02/2016 as 12:13:46 | por Correio |

Crise leva 11 mil alunos a trocarem escolas privadas por rede estadual

A crise atingiu em cheio o bolso dos pais

Fotografo: Sem Dados
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A crise atingiu em cheio o bolso dos pais
Quando o valor da mensalidade R$ 1,2 mil ficou insustentável para o orçamento da família de Emily Queiroz Souza,  17 anos, só havia uma alternativa: trocar a escola particular pelo colégio público. “Fiquei um pouco com receio, mas meus pais conversaram comigo dizendo que o valor não caberia mais no orçamento”, conta a estudante que  cursa o 1º ano do ensino médio.
 
 
A realidade de Emily é igual a de pelo menos 11.185 alunos da rede estadual que migraram de escolas do ensino privado para a rede pública. Dados da Secretaria Estadual da Educação indicam que o número é 23% maior do que no ano passado, quando o estado matriculou 9.046 mil estudantes oriundos da rede particular de ensino.
 
A crise atingiu em cheio o bolso dos pais, até mesmo daqueles que priorizam o investimento em educação. O número de alunos que foram para a rede estadual é maior que o dobro das perdas de matrícula das escolas particulares na Bahia, entre 10% e 12%, assim como a média nacional.
 
A estimativa é da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep)
e da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen). “A migração desses alunos para a rede pública também impactou as escolas que tiveram que reduzir postos de trabalho, turmas, investimentos e até mesmo o salário de professores”, afirma a diretora da Fenep, Amábile Pacios.
 
O presidente da Confenen, Roberto Dormas, confirma o cenário. “O pai até quer, mas não tem como manter o filho em uma escola particular”. 
 
Orçamento no vermelho
O corretor Edinei Souza, pai de Emily, cortou ao máximo as despesas antes de decidir colocá-la na escola pública.
 
“Além da mensalidade, tinha o custo do módulo, que ficaria por R$ 1,8 mil. Ela viu a dificuldade e entendeu que a mudança era necessária”, diz.
 
As contas também apertaram na casa da estudante Keren Brito, de 16 anos. A situação financeira fez com que ela mesmo tomasse a iniciativa de mudar para a rede pública.
 
“Tinha uma meia-bolsa no colégio onde estudava, mas ainda assim minha mãe fazia uma esforço muito grande para manter a escola em dia”.
 
Outro que mudou o endereço da escola foi Gabriel Cunha, de 16 anos. “Para mim foi tranquilo, porque sabia que minha mãe estava sem condições. Ela sentiu mais a mudança e até chorou”.
 
A auxiliar financeira Luciene Cunha, mãe de Gabriel, não nega que foi difícil.
 
“A despesa ia aumentar. Pesquisei muito e busquei recomendações para ter certeza de que estava fazendo o melhor para ele”, assegura. 
 
Mudança 
Segundo o secretário de Educação do governo do estado, Osvaldo Barreto, mesmo que a crise tenha sido o fator determinante para a migração de alunos,  a confiança dos pais no ensino da rede pública tem aumentado.
 
“Há jovens em escolas privadas com uma melhor formação em termos de conteúdo, mas do ponto de vista social, a escola pública acrescenta mais, além de ser mais inclusiva”.
 
Tanto na rede estadual como municipal ainda há vagas para novos alunos. “Diversas escolas estão com um padrão muito próximo às escolas particulares. A gente está pronto para receber qualquer aluno, independente da classe social”, acrescenta o secretário municipal de Educação, Guilherme Bellintani.
 
Mudança de rede exige diálogo entre pais e filhos
Independente de como a criança ou adolescente está reagindo à mudança da escola particular para a pública, a psicóloga especialista em Saúde Mental Samantha Santos aconselha que os pais  mantenham o diálogo e redobrem o acompanhamento.
 
“Não dá para os pais pouparem seus filhos da realidade. Eles precisam pensar juntos uma solução que seja melhor, tanto para a adaptação do estudante quanto para o ajuste do orçamento da família”.
 
A psicóloga admite que a tarefa não é fácil, mas que é a presença dos pais neste processo de ruptura é fundamental. “Não dá para fazer de conta que a mudança é simples, pode afetar o rendimento escolar e as relações interpessoais”, afirma Samantha.
 
“Os pais terão que ter uma atenção redobrada e fazer com que a criança ou o adolescente compreenda que a dificuldade financeira existe e que todos estão se esforçando para superá-la”, completa. A integração pode ser mais fácil quando os pais não deixam toda a responsabilidade para  a escola. “É o momento de acompanhar o filho  não só nas tarefas escolares, mas também nas relações humanas, ir sempre ao colégio e conversar com professores e coordenadores”.
 
Negociação ajuda a manter filhos em particulares
Se o aperto no orçamento é maior do que o planejado é preciso buscar alternativas para reduzir os custos escolares, como recomenda a educadora financeira da DSOP Educação Financeira Meire Cardeal. “Para as famílias é um momento de reflexão para reduzir ao máximo tudo aquilo que dá para cortar”.
 
A especialista recomenda ainda que os pais abram o jogo com a escola na hora de negociar um bom desconto se quiserem manter o filho na rede privada. “É mostrar a realidade  e conversar abertamente com a escola sobre a situação financeira da família. Esta é a melhor maneira de conseguir uma bolsa ou um bom abatimento”.
 
Outra dica é oferecer alguma prestação de serviço como permuta pelo desconto. “As escolas precisam cortar gastos e estão se segurando para não perder suas receitas. Este tipo de proposta traz vantagem para os dois lados”, assegura Meire. Vale a pena também buscar uma instituição de ensino mais em conta, dentro do padrão que a família pode pagar. “A crise atingiu a todos. A gente precisa se readequar para conseguir contornar isso sem se endividar”.
 
Investimento tem melhorado escolas públicas
A rede pública de ensino já tem colhido os frutos dos investimentos em  educação, que se tornaram mais efetivos a partir de 2010. O diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, Cleverson Suzart, conversou com o CORREIO sobre estas melhorias.
 
Qual é o cenário  atual da escola pública?
Há um movimento de melhoria da rede estadual, que começou a ser mais efetivo a partir 2010, com investimentos  e programas como o Pacto da Alfabetização e Pacto pelo Ensino Médio, por exemplo.
 
Quais projetos estão atualmente em curso?
Articulada com o Ministério, a Faculdade de Educação tem atuado com o objetivo de melhorar o conteúdo pedagógico. Temos seis projetos que trabalham direto  com professores da rede pública, oferecendo cursos de especialização, de aperfeiçoamento, mais atividades de extensão, voltadas para profissionais que atuam nas salas de aula, tanto do estado quanto do município. Certamente, a rede estadual já está colhendo frutos desse investimento, que deve continuar nos próximos anos. Qualificar os professores é qualificar o ensino.
 
 
Emily Queiroz Souza:  ‘A mensalidade não cabia mais no orçamento’ 
(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)

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