Campeã mundial em 2019, Beatriz Ferreira, a Bia, não conseguiu repetir o feito nas Olimpíadas de 2020. Assim, vai voltar ao Brasil com a medalha de prata, após perder a final do peso leve (até 60kg), neste domingo, em Tóquio, para a irlandesa Kellie Harrington.
A vitória de Harrington foi unânime, na avaliação dos jurados. Dois deram o triunfo por 30 a 27 para a lutadora irlandesa, enquanto três apontaram o placar por 29 a 28, o que determinou a medalha de prata para a brasileira.
Bia Ferreira, que entrou no ringue ao som de “A Favela Chegou”, fez um primeiro round equilibrado com Harrington. Ela ganhou o primeiro round para três juízes, enquanto dois deram o triunfo para a irlandesa. A sensação foi que, de fato, a brasileira foi mais contundente.
No segundo round, Bia Ferreira teve mais iniciativa no início e dominava o centro do ringue, mas a irlandesa acertou mais golpes no fim, o que acabou levando os juízes a darem a vitória para a europeia. O terceiro round foi muito equilibrado, com ambas sendo mais agressivas. E, ao fim, o título olímpico ficou com Harrington, que, na avaliação dos cinco juízes, também foi melhor nos três minutos finais de combate.
A derrota de Bia Ferreira encerra a boa participação do boxe brasileiro em Tóquio, sendo, ao lado do skate, o esporte que mais deu medalhas ao Brasil: três. Foram, ainda, um ouro, com Hebert Souza, e um bronze, com Abner Teixeira, além da sua prata.
Com o vice-campeonato olímpico de Bia Ferreira, o Brasil passa a somar sete ouros, cinco pratas e oito bronzes nas Olimpíadas de Tóquio. E ainda haverá uma 21ª medalha, para a seleção feminina de vôlei, um recorde absoluto para o esporte do país.
Bia Ferreira é apenas a segunda boxeadora do Brasil a subir ao pódio olímpico, sendo que a outra foi Adriana Araújo, bronze nos Jogos de Londres, em 2012, também no peso leve. Ela é vista, inclusive, como sucessora da medalhista, tendo feito parte, em 2016, do projeto Vivência Olímpica, em que jovens revelações acompanhavam atletas durante o evento.
Quatro anos depois, ela não apenas viu tudo de perto: subiu ao ringue como candidata ao pódio, após chegar às Olimpíadas como campeã mundial em 2019 e medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos também de dois anos atrás. E com um cartel impressionante: são, agora, 73 vitórias e 8 derrotas no boxe amador.
Como uma das cabeças de chave do peso leve nas Olimpíadas, Bia Ferreira estreou com vitória sobre a taiwanesa Wu Shih-Yi já nas oitavas de final. Depois, o triunfo foi diante da uzbeque Raykhona Kodirova, o que lhe garantiu nas semifinais de Tóquio e no pódio. Já para avançar à final, derrotou a finlandesa Mira Potkonen, uma veterana, de 40 anos, e multimedalhista: ganhou no Japão o seu segundo bronze olímpico, mesmo resultado obtido nos Mundiais de 2016 e 2019. E todas essas vitórias se deram por decisão unânime dos jurados.
Na disputa pelo ouro, Bia Ferreira encarou outra campeã mundial, Harrington, que faturou o título em 2018. E não resistiu ao poderio da rival.